NÓS

Chapter 29: Capítulo 28



Chapter 29: Capítulo 28

Entrei no carro e não aguentei, desabei. Eu não estava acreditando no que estava acontecendo, eu

não podia ser mãe agora, isso ia jogar meus planos todos por água abaixo. Diego me puxou para um

abraço e eu molhei sua blusa com minhas lágrimas, eu chorava de soluçar.

Igual criança.

— Se acalma, vai fazer mal pra você e para o bebê — dizia baixo e passando a mão nos meus

cabelos lentamente.

— Eu não posso o ter, Diego — disse entre soluços — Não da, não posso — funguei.

— Isso é uma decisão muito séria, Manuela — desfez o abraço e me olhou — Se acalma primeiro.

Talvez Diego não estava me entendendo, eu já tinha tomado minha decisão a muito tempo, eu não iria

ter esse bebê e não estava nem aí se essa decisão parecia egoísta. Eu tinha um futuro pela frente, eu

queria cursar faculdade, ser independente primeiro pra depois pensar em ser mãe.

Eu não podia ter um filho de um cara que eu mal conhecia e não tinha nenhum vínculo. Que estrutura

isso ia ter? Nenhuma.

Diego deu partida e mesmo ele puxando assunto durante o caminho pra me distrair eu não conseguia

para de pensar no bebê, o que ia ser de mim, enfim, em tudo.

Minha cabeça estava a mil.

Paramos em um restaurante e mesmo eu dizendo que não queria comer ele me forçou.

Não tinha comido nada o dia inteiro, era questão de tempo pra eu começar a passar mal.

Ele pediu frango com legumes para nós dois e uns vinte minutos depois a comida chegou. Pedi um This content provided by N(o)velDrama].[Org.

suco de maracujá pra mim e Diego pediu um refrigerante pra ele. Com Diego no meu encalço eu teria

que comer toda comida se não ele enfiaria pela minha goela abaixo.

— Está mais calma? — bebericou sua coca me olhando.

— Não sei — sorri fraco — Diego, eu não quero esse bebê — choraminguei.

Diego abriu a boca diversas vezes tentando falar algo mas não saia nada. Eu sabia que talvez essa

seria uma decisão egoísta e que eu estivesse pensando só e mim mas eu queria ser mãe agora, não

queria ter esse bebê. O que eu podia fazer?

Nós almoçamos e depois Diego me deixou em casa, eu só queria dormir e nunca mais acordar. Antes

de colocar o envelope da ultra em cima da mesinha do meu quarto eu o abri e fiquei por uns segundos

olhando para o mesmo. Saber que eu estava gerando uma vida dentro de mim era o maior susto que

eu poderia ter tomado na vida. A cada minuto que passava eu ficava mais decidida sobre o aborto,

sabia que era uma coisa muito séria e estava ciente do risco que corria.

Deixei as folhas em cima da mesa e fui tomar um banho, eu estava precisando. A água fria caia sobre

meu corpo me fazendo relaxar. Fiquei quase horas de baixo do chuveiro, alguém nesse prédio hoje iria

ficar sem água.

Perdoa, Deus.

Eram três horas da tarde, me sentei no sofá e escolhi um filme, queria distrair a mente e o que tinha

pra hoje era isso. Assisti um total de uns três filmes durante toda a tarde e por volta das seis horas

Gabriel chegou da faculdade.

— Aí que susto, loira oxigenada — fechou a porta.

— Se manca — rolei os olhos — Chegou cedo — arqueei a sobrancelha.

— Tenho um compromisso hoje — dei um sorriso de lado.

— Me poupa dos detalhes, Gabriel — bufei — mais um vitima, coitada — fiz beicinho — É deficiente

visual?

— Seu mal é inveja — gritou do corredor e eu ri.

Como podia ser tão sem noção, não é?

Fiquei vendo filme e acabei adormecendo no sofá, quando o sono vinha era impossível lutar contra

ele.

E eu não fazia o mínimo de esforço.

...

Acordei umas oito horas cheia de dor nas costas, tinha dormido de mal jeito e ainda por cima no sofá.

Peguei meu celular que estava na mesinha de centro e tinha algumas mensagens e duas delas eram

de Caio.

Mensagem on.

Caio

Fala aí, loirinha

Ta de bobeira hoje?

Eu

E ai, to sim

Caio

Vamos tomar um açaí, posso passar ai ás 21h?

Eu

Pode

off.

Corri para o banheiro e tratei de me arrumar rápido porque já eram oito e quinze. Tomei uma ducha

rápida e sai vestindo um conjunto de calcinha e sutiã preto. Prendi meu cabelo num rabo de cavalo

alto, meu rosto estava horrível, eu estava com olheiras e olhos fundo então passei uma base e

corretivo seguido de um rímel.

Passei o dia todo querendo uma distração e Caio provavelmente seria ela hoje.

Vesti um short jeans lavagem escura e um casaco cinza da Nike. Peguei dinheiro na minha carteira

caso precisasse e o coloquei dentro da capinha do meu celular. Caio me mandou mensagem dizendo

que estava me esperando lá em baixo e eu sai trancando a porta.

Eu queria muito ser pontual ao extremo a ponto de chegar antes do horário marcado, se fosse eu

chegaria meia hora depois da hora marcada como se nada tivesse acontecido e com a maior cara

limpa do mundo.

Cumprimentei o porteiro assim que cheguei ao térreo, no parquinho havia umas crianças brincando e

nos bancos muitos jovens sentados.

As vezes eu ficava impressionada com o tanto de gente que tinha no prédio, parecia não ter ninguém

mas na verdade isso aqui era regado de gente.

Caio destrancou as portas do carro e eu entrei no mesmo.

— Oi, loirinha — disse sorridente, nos cumprimentamos com dois beijos no rosto — Quanto tempo,

dona encrenca.

— Me respeita — o empurrei leve e ri — E eu sei que faço falta — pisquei.

— Não pode dar moral — rolou os olhos e riu — Onde a senhorita quer ir? — ligou o carro.

— Não sei, foi você que me chamou — coloquei o cinto — Me surpreenda — o olhei e sorri.

— Então vamos nessa — deu partida.

Fomos o caminho inteiro conversando, Caio tinha um papo maneiro e além de um tremendo gato, ele

era super engraçado. Paramos em um quiosque muito lindo na beira do mar, seu ambiente era meio

escuro e tinha umas luzes verdes que o deixava mais aconchegante. Por ainda ser quinta-feira até

que ele estava bem movimentado, havia muitos casais e famílias no mesmo. Eu e caio sentamos na

mesa que ficava fora da parte de dentro do quiosque, optamos por ficar beirando a orla mesmo.

Ele pediu para a garçonete duas tigelas de açaí com frutas para gente e eu só sabia agradecer

mentalmente por ter vindo de casaco pois estava ventando um pouquinho e na beira da praia tudo fica

mais frio. Nós conversamos sobre tudo esperando o açaí chegar e o assunto parecia que não acabava

nunca. Quando chegou tirei uma foto para postar no meu instagram, fazia um tempo que não postava

nada então aproveitei a oportunidade.

Quando chegou tirei uma foto para postar no meu instagram, fazia um tempo que não postava nada

então aproveitei a oportunidade. Enquanto comíamos o açaí nós conversávamos e até zoávamos um

ao outro, estava sendo uma distração enorme pra mim.

— E o Diego? — levou sua colher até a boca, engoli a seco. Por que tinha que estragar o clima

falando dele?

— O que que tem ele? — olhei na direção da orla e depois o olhei.

— Vocês, sei lá — riu fraco — Parecem se gostar, percebi isso na casa do Alex aquele dia.

— A gente não tem nada, ele é só amigo do meu irmão — dei um sorriso torto — Por que a pergunta?

— franzi a testa.

— Pensei que ele seria um problema — apoiou seus braços na mesa.

— Problema? — perguntei confusa. Do que ele estava falando?

— Pra fazer isso de novo.

Foi tão rápido que não tive nem como falar algo. Caio encostou seus lábios rapidamente nos meus,

sua mão estava entre meus cabelos e era um beijo lento e rápido ao mesmo tempo, eu não sabia

explicar. Finalizei o beijo com dois selinhos e ele sorriu ao distanciar nossos rostos.

— Sem ninguém interromper — rimos.

Após terminarmos de comer o açaí, Caio pagou e nós ficamos andando um pouco ali na orla. Rolou

mais alguns beijos e quem nos via acharia fácil que eramos um casal. A noite estava perfeita até eu

começar a sentir um enjoo horrível e minha cabeça começar a latejar. Pedi para que Caio me levasse

pra casa e ele na mesma hora ficou todo preocupado comigo. Dentro de uns dez minutos nós

estávamos em frente ao meu prédio.

— Você tem certeza que não quer ir ao médico, Manu? — perguntou pela milésima vez.

— Não, está tudo bem — sorri — obrigada, hoje foi perfeito, eu estava mesmo precisando sair de

casa.

Ele sorriu e selou demoradamente nossos lábios.

— Se cuida loirinha, qualquer coisa é só ligar.

Sai do carro e antes de entrar no prédio mandei um beijo no ar. Entrei no elevador e apertei o número

do meu andar, minha cabeça estava explodindo. Abri a porta e joguei as chaves em cima do balcão e

só deu tempo de correr para o banheiro social e colocar tudo para fora.

Agradeci mentalmente por Gabriel não estar em casa.

A noite tinha sido ótima com Caio mas já tinha voltado pra realidade, o inferno da minha realidade.


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